Mostra uniu
elementos naturais, resina artística e novas técnicas para contar a história
cultural de Pontal do Paraná
A preocupação com a preservação da cultura caiçara e a
valorização dos saberes tradicionais do litoral do Paraná foram temas da exposição “O Caiçara no Mapa”,
idealizada e produzida pela artesã, artista e produtora cultural Josiane
Simonett. Curitibana de nascimento, ela mora há cinco anos em Pontal do Paraná
e, desde então, passou a se envolver diretamente com a cultura local,
transformando vivências em arte.
Especialista em artesanato em resina, Josiane atua também
como formadora e já capacitou mais de mil artesãos na técnica. A partir de uma
experiência vivida em um acampamento de pescadores artesanais, surgiu a
inspiração para criar peças autorais que combinam resina artística com
elementos naturais do litoral, como areia, conchas, madeira e fibras naturais.
“ Desde que cheguei ao litoral tenho me envolvido
profundamente com essa cultura. Acredito que é fundamental preservar e contar a
história de um lugar, das famílias e dos saberes que existem ali”, afirma a
artesã.
Todas as peças expostas foram produzidas por Josiane,
enquanto o material fotográfico apresentado na mostra também nasceu dessa
vivência junto aos pescadores. Segundo ela, o objetivo vai além da estética.
“O caiçara tem uma
história linda de território e pertencimento. Mesmo em meio à modernidade,
existem tradições que resistem, como o artesanato, o lanço da tainha e pratos
típicos como a cambira. A arte pode ser uma forma de manter tudo isso vivo”,
destaca.
Na exposição, o uso de elementos naturais dialogou com o
artesanato contemporâneo e mostrou como novas técnicas podem ser aplicadas como
ferramentas de valorização regional. “Quando usamos a resina junto com
materiais do próprio território, conseguimos criar peças que preservam
memórias, histórias e identidades”, explica.
A exposição aconteceu
entre os dias 5 e 12 de dezembro, na Casa da Cultura do Jardim Primavera, no
mini auditório Primavera, no município de Pontal do Paraná. A proposta teve
como objetivo valorizar a cultura caiçara, os territórios tradicionais e os
saberes locais, por meio de uma exposição artística que integrou resina e
elementos naturais associados ao litoral paranaense.
“Esse período foi
pensado para que a comunidade pudesse se reconhecer nas obras e se sentir parte
do processo”, explica Josiane. “Não é apenas uma exposição para olhar, mas para
provocar memória, conversa e pertencimento”, completa.
As obras foram produzidas com resina artística, areia
natural do município, conchas, madeira, fibras naturais e sambaquis de Pontal
do Sul. A peça central apresentou uma representação artística do mapa turístico
de Pontal do Paraná, com a divisão dos balneários, mini barcos simbolizando os
pescadores artesanais, o mar em resina azul, ondas em areia e elementos que
remetem ao período de verão e à ocupação da orla.
Entre os destaques esteve uma composição com conchas e areia
natural, acompanhada de fotografias do lanço da tainha ocorrido em junho de
2025, em Pontal do Sul, evidenciando o trabalho coletivo da pesca tradicional.
Também integraram a exposição as obras “Ao Mar de Pontal” e a série “Troféus
Pontal”, desenvolvidas com madeira, palmeira, resina e elementos naturais,
reforçando a identidade cultural do território.
No dia 16 de dezembro, foi realizado um segundo momento
expositivo dedicado à Ilha do Maciel, território tradicional caiçara de Pontal
do Paraná. A atividade contou com a presença de moradores da comunidade, além
de representantes da Secretaria Municipal e do CRAS, promovendo escuta,
reconhecimento cultural e fortalecimento de vínculos institucionais.
Segundo a artesã, levar a mostra para um espaço cultural do
próprio município foi uma escolha consciente. “Fazer essa exposição em Pontal
do Paraná tem um significado muito forte para mim, porque é aqui que essas
histórias acontecem e é aqui que elas precisam ser contadas”, afirma. “A
cultura do lugar onde estamos deve ser mostrada, valorizada e respeitada,
principalmente por quem vive ali”, reforça.
A exposição “O Caiçara no Mapa” foi realizada com recursos
da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), nos termos da Lei nº 14.399/2022, do
Decreto nº 11.740/2023 (Decreto PNAB), da Lei nº 14.903/2024 (Marco Regulatório
de Fomento à Cultura) e do Decreto nº 11.453/2023 (Decreto de Fomento).
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