Especialista ressalta a importância dos cuidados odontológicos durante a gestação
O Novembro Roxo, mês dedicado à conscientização sobre o parto prematuro, reforça a importância dos cuidados com a saúde da mulher durante a gravidez — incluindo a saúde bucal. Estudos indicam que gestantes com periodontite, uma infecção que afeta as gengivas e o osso de suporte dos dentes, podem ter até o dobro do risco de parto prematuro (antes das 37 semanas).
A odontopediatra Ilana Marques, da IGM Odontologia para Família, explica que a relação entre a saúde da boca e a gestação é mais estreita do que se imagina. “A cavidade bucal é uma porta de entrada para diversos processos inflamatórios. Quando há uma infecção nas gengivas, as bactérias podem alcançar a corrente sanguínea e estimular substâncias que interferem diretamente no útero”, afirma.
Segundo a especialista, o problema costuma começar de forma silenciosa, com sangramento na escovação ou gengivas inchadas, sinais que muitas gestantes ignoram. “Os hormônios da gravidez aumentam a vascularização e deixam a gengiva mais sensível. Isso facilita o acúmulo de placa bacteriana e, se não houver cuidado, pode evoluir para uma periodontite”, explica Ilana.
A odontopediatra destaca também que alterações hormonais típicas da gestação podem desencadear a chamada gengivite gravídica, condição bastante comum nesse período. “Mesmo com boa higiene, muitas gestantes apresentam gengivas mais inflamadas, justamente pela resposta exagerada do organismo aos hormônios”, acrescenta.
Outro ponto importante são os enjoos e vômitos, muito frequentes principalmente no primeiro trimestre. “O contato repetido com o ácido gástrico deixa a cavidade bucal mais ácida, favorecendo erosão dentária, sensibilidade e inflamação gengival. Isso torna as gestantes ainda mais vulneráveis à doença periodontal”, explica Ilana.
O impacto, no entanto, vai além da boca. Estudos apontam que a inflamação provocada pela doença periodontal pode liberar mediadores químicos que estimulam contrações uterinas precoces. “Por isso, a atenção odontológica deve fazer parte do pré-natal, com avaliações periódicas e limpezas profissionais seguras durante a gestação”, reforça a odontopediatra.
Ilana destaca ainda que, devido às mudanças no paladar e aos desejos alimentares dessa fase, é fundamental que as gestantes tenham cuidado redobrado com a alimentação, evitando excesso de alimentos ácidos ou açucarados, especialmente quando os enjoos favorecem a acidez bucal. “Além dos cuidados habituais, é essencial estar atenta ao que se consome, pois as escolhas alimentares podem intensificar a sensibilidade gengival e o risco de erosão”, afirma.
Diante de tantas mudanças, Ilana recomenda que as gestantes façam o check-up odontológico com intervalos menores, permitindo acompanhar a saúde da gengiva, controlar a placa bacteriana e tratar precocemente qualquer sinal de inflamação. “A gestação exige um olhar mais atento e uma frequência um pouco maior de avaliações para garantir conforto e segurança”, orienta.
De acordo com Ilana Marques, a prevenção ainda é o caminho mais eficaz. “Manter uma boa higiene bucal, usar o fio dental diariamente e realizar consultas regulares com o dentista são medidas simples, mas que fazem toda diferença na saúde da mãe e do bebê”, destaca.
A especialista lembra que o tratamento odontológico é seguro em todas as fases da gestação, desde que acompanhado por um profissional habilitado e com o aval do obstetra. “O ideal é que a mulher cuide da saúde bucal antes mesmo de engravidar, mas nunca é tarde para começar. Cuidar da gengiva é também cuidar da gestação”, finaliza Ilana.
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